Cacau brasileiro ganha destaque no sul da Bahia

O retorno da Bahia como maior produtora de cacau em amêndoa do Brasil em 2023, com uma produção de 139.011 toneladas, marca um momento significativo para o setor agrícola do país. No entanto, esse feito levanta uma reflexão necessária sobre a falta de diversificação nos investimentos e políticas públicas voltadas para culturas além dos grãos, como soja e milho, que tradicionalmente recebem maior atenção e incentivos.

Embora o agronegócio seja o motor da economia nacional, a ênfase desproporcional na produção de grãos ignora o potencial de outras culturas como o cacau, que possui importância histórica e econômica para regiões como o Sul da Bahia. O fato de o estado ter ultrapassado o Pará, mesmo que por uma pequena margem, revela que o cacau continua sendo uma cultura estratégica para a economia local, além de uma alternativa importante para a diversificação do setor agrícola.

A alta nos preços do cacau em 2023 também reforça a necessidade de uma visão mais ampla do agronegócio brasileiro, onde a demanda internacional por commodities agrícolas, como o cacau, pode oferecer oportunidades significativas de crescimento econômico e geração de empregos. No entanto, o investimento nessa cultura precisa ir além de uma mera resposta a variações de mercado. O cacau e outras culturas deveriam receber igual atenção em termos de financiamento, tecnologia agrícola, pesquisa e desenvolvimento, para garantir sustentabilidade e competitividade no cenário global.

Além disso, o sucesso da Bahia deve servir como um alerta para a necessidade de melhorias na logística de transporte em todas as regiões produtoras do país. Atualmente, grande parte do escoamento da produção agrícola brasileira enfrenta desafios relacionados à infraestrutura, especialmente em estados com menor acesso a rodovias e portos eficientes. Se o Brasil pretende consolidar sua liderança em diferentes culturas, é imperativo que a logística agrícola seja repensada, contemplando não apenas os grandes produtores de grãos, mas também aqueles que cultivam culturas como o cacau, cuja produção é altamente concentrada em áreas específicas do país, como o Sul da Bahia.

O Brasil, com suas vastas terras agricultáveis, clima diversificado e mão de obra disponível em todas as regiões, tem um potencial imenso para equilibrar o foco produtivo e gerar maior retorno econômico. O monocultivo extensivo de grãos, embora essencial, pode levar a problemas como a degradação do solo e a dependência de mercados externos. O fortalecimento de outras cadeias produtivas, como a do cacau, pode diversificar a economia agrícola, gerar maior resiliência e agregar valor, especialmente em regiões onde as condições climáticas favorecem tais culturas.

Portanto, a volta da Bahia ao posto de maior produtora de cacau deve ser vista como uma oportunidade para repensar o modelo agrícola brasileiro. A diversificação é crucial não apenas para o crescimento econômico sustentável, mas também para a preservação da biodiversidade e a valorização das culturas regionais. Para que isso se torne realidade, políticas públicas, investimentos privados e melhorias na logística precisam caminhar juntos, garantindo que o Brasil aproveite seu potencial agrícola em toda a sua plenitude.